Reflexões sobre a pandemia global através da lente de doenças crônicas
Por Barbara Stensland, paciente-colaboradora
Pode ser apenas uma questão de semanas, mas como todas as nossas vidas foram tão dramaticamente alteradas?
Hoje, tudo é “antes do coronavírus” ou “desde o coronavírus”. . Assisto aos programas de TV e me preocupo com os atores e a falta de distanciamento social deles. Fico espantada quando lembro de um encontro com um amigo para almoçar em meados de março e como isso era absolutamente normal.
Lembro de ficar furiosa por ter que ficar dando voltas com o carro até encontrar uma vaga de estacionamento. Essas mesmas ruas estão desertas agora, o restaurante está fechado até segunda ordem e não consigo ter um encontro presencial com um amigo.
Estamos começando a aceitar que, embora algumas restrições desapareçam com o tempo, nada será como antes. Como tantas pessoas, fico aterrorizada pelo simples fato de ter uma ideia da situação, pois a proporção dela ainda me impressiona. Para manter o controle, também tento acreditar que algo positivo pode surgir disso tudo, entre sofrimento e medo inimagináveis.
De uma perspectiva de alguém com deficiência ou doença crônica, tenho esperança de que a mudança fundamental esteja em andamento, o que pode, de certa forma, alterar a nossa vida para melhor quando tudo isso acabar. Esta é minha lista de desejos das coisas das quais espero que não nos esqueçamos:
Nos últimos dias, assisti a um safári ao vivo na África, assisti à Jane Eyre no Teatro Nacional e tive um bom bate-papo com oito pessoas que têm esclerose múltipla. Tudo no conforto da minha casa. Jornais, sites e e-mails mostram inúmeras listas de ideias e oportunidades para experimentar a vida sem sair de casa.
Desde quando fui diagnosticada com esclerose múltipla, muitas vezes senti que via o mundo passar pela minha janela enquanto as recaídas e o tratamento me mantinham em casa. Agora é como se fosse o mundo, muito daquele mundo que estava do lado de fora, estivesse chegando até mim. E pode continuar por muito tempo.
Todos os dias vejo um novo folheto sobre o meu capacho de um grupo de bairro recém-formado, oferecendo compras, suporte e telefonemas amigáveis. Tive a sorte de ter amigos com esse tipo de espírito comunitário antes do coronavírus, mas ao pensar em estranhos também se importando para fazer o mesmo foi o suficiente para me fazer chorar pela pura humanidade desse ato. Tomara que não nos esqueçamos dessas iniciativas quando a vida voltar ao normal. Sempre existiram pessoas que precisam de ajuda extra e isso nunca vai mudar.
Desde quando começou a pandemia, muitas pessoas me perguntam como estou lidando com o fato de ficar muito tempo em casa e fico muito feliz em dar dicas e conselhos. É estranho que a comunidade de doenças crônicas está em posição de especialista agora em que estamos todos no mesmo barco.
Eu adoraria pensar que isso incentivará um nível mais profundo de compreensão e conscientização do fato de que, após o diagnóstico, para muitas pessoas com deficiência, a vida muda da noite para o dia. A minha mudou e ainda estou me recuperando do choque, oito anos depois.
Quantas pessoas com deficiência ou doença crônica foram informadas ao longo dos anos de que o aprendizado remoto ou o trabalho em casa “simplesmente não foi possível”? Disseram que levaria anos, pois a infraestrutura simplesmente ainda não existia e mesmo assim… ela surgiu em algumas semanas. É possível e deve continuar e não há o que discutir.
A telemedicina e os serviços de saúde digital tem sido, há muito tempo, o centro das atenções para muitas instituições de caridade para pessoas com deficiência, mas isso costuma ser visto como caro e difícil de ser mantido. E novamente vem a falta de infraestrutura, mas agora isso acabou. Da mesma forma, minha gata teve consulta veterinária virtual na semana passada para um problema recorrente. Pelo bate-papo com vídeo, ela foi rapidamente diagnosticada como se fosse numa consulta presencial, o pagamento foi feito pelo telefone e os medicamentos foram despachados no mesmo dia. Isso pode não ser possível em todas as circunstâncias, mas o alívio foi imenso, tanto para mim quanto para ela. Ela se recuperou completamente e está de volta ao normal. Será que essa abordagem deve ser levada adiante?
Já ouvi de muitas pessoas que normalmente levavam vidas agitadas que de repente tiveram a oportunidade de parar, respirar fundo e perceber o quanto apreciam até mesmo as coisas pequenas da vida diária.
Esta foi uma das primeiras coisas que percebi quando fui diagnosticada com esclerose múltipla. A vida passou repentinamente a ser linda de muitas maneiras pequenas: passarinhos cantando pela manhã, a alegria de fazer uma refeição simples com ingredientes frescos, o deleite de acender uma vela e ficar no aconchego do sofá – coisas que muitas pessoas geralmente tomam como banais. Parece quase um despertar gradual, saindo da loucura consumista e da tragédia intrusa. Como humanos, somos adestrados a nos sentir invencíveis, até as doenças crônicas e deficiências nos forçarem a permanecer em casa conspirando para nos mostrar o que na verdade sempre soubemos:
nenhum de nós é infalível.
Concluindo, existe algo que tem um apelo muito pessoal para mim, que é parar de usar as palavras “batalha” e “luta” quando se trata de doença. Quando fui diagnosticada pela primeira vez, fiquei sabendo que se eu lutasse com afinco suficiente, eu poderia vencer a luta contra a esclerose múltipla. O secretário para Assuntos Externos do Reino Unido declarou que o primeiro-ministro, Boris Johnson, sobreviveria ao coronavírus porque “ele é um lutador”. Errado.
Qualquer doença sempre terá o controle, e não a pessoa que fica doente. Na minha opinião, a terminologia da batalha não tem lugar em doença e incapacidade, e não há luta para perder quando você é atacado por uma entidade muito mais forte.
NPS-ALL-NP-00120 abril de 2020
As pessoas que escreveram e criaram o conteúdo, e cujas imagens aparecem neste artigo, foram pagas pela Teva Farmacêutica por suas contribuições. Este conteúdo representa as opiniões do colaborador e não reflete necessariamente as da Teva Farmacêutica. Da mesma forma, a Teva Farmacêutica não analisa, controla, influencia ou endossa qualquer conteúdo relacionado aos sites do colaborador ou redes de mídia social. Este conteúdo é destinado a fins informativos e educacionais e não deve ser considerado aconselhamento ou recomendação médica. Consulte um profissional médico qualificado para ter um diagnóstico e antes de iniciar ou alterar qualquer regime de tratamento.
Este conteúdo foi originalmente publicado pela Teva no site Life Effects, onde artigos e outros conteúdo estão disponíveis para públicos dos EUA e europeu.
Apenas para residentes nos EUA: https://lifeeffects.teva/us/
Apenas para residentes europeus: https://lifeeffects.teva/eu/